domingo, 25 de setembro de 2011

A arte de girar coisas

Como alguns já devem saber, e outros não, digo que tenho uma Síndrome chamada de Síndrome de Asperger. Isto é, nada mais, nada menos, do que uma forma leve de autismo, um problema mental caracterizado pelo comportamento, digamos, um pouco mais “íntimo”. Ou seja, se o autista não aguenta viver aqui, ele próprio cria um mundo interior.

Mas, o autismo não somente caracteriza-se por isto. Estava lendo, em um livro de Temple Grandin e Margaret M. Scariano, chamado “Uma menina estranha”, que os autistas reagem de maneiras diferentes a estímulos diferentes. Um deles, pelo menos no meu ponto de vista, é girar.

Minha mãe, creio que antes de eu nascer, viu em um filme com John Travolta, que um menino era autista e ficava girando pratos quando estava à mesa. Anos depois, eu nasci, com a mania de ficar girando coisas. Diz ela que, quando criança, desenhava a maioria das coisas em formato redondo.

Pelo o que eu me lembro, sentia prazer em girar. Gostava muito de ver coisas girando, principalmente as centrifugações da máquina de lavar da minha mãe. E também girava as tigelas de minha avó. Colocava-as no chão, e ficava lá, girando… girando…

Mas o duro é girar a cabeça sem perceber. Muitas vezes, penso em ser um ser estranho, devido a esta péssima característica. Muitas vezes, fico me perguntando: “Por que sou assim, tão estranho? O que devem pensar de mim ao verem eu girando a cabeça? Pensam que sou um louco, um ser anormal?” Isso já me deu muita tristeza…

Mas, nos dias de hoje, tenho que conviver com esse defeito. Sei que pode ser um péssimo defeito, mas, fazer o que? Ninguém é e nunca será perfeito. Aliás, ninguém é superior ou inferior. Somos todos diferentes, cada um com seus defeitos e qualidades. Só digo que, quando era criança, gostava de girar coisas, e sempre girei a cabeça, sem perceber.

3 comentários:

  1. Oi, Carlos. Me identifiquei um pouco com a sua história, mas não sei se tenho o mesmo quadro de altismo.
    Desde pequeno, costumava girar várias coisas aleatórias como cadeiras rotatórias, bicicleta de cabeça para baixo, etc. Aos 7 anos, comecei a rodar um cadarço amarrado na ponta a um prendedor, e quando eu o giro, consigo imaginar várias coisas como histórias, situações diversas, uma empresa, entre outros. A questão é que, na maioria das vezes, se eu ficar sem ele, fico ansioso e sentindo falta de algo nas mãos, como se eu fosse incapaz de imaginar tão criativamente sem ele. Acaba sendo uma necessidade e, de certa forma, atribuindo um pouco de ansiedade ao meu dia a dia. Posso apresentar o mesmo quadro de altismo?

    Abraços! :)

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    1. Oi!! Bem, não sou especialista pra responder (e recomendo que procure um pra esclarecer melhor). Mas, pelo o que eu analisei de seu comportamento e comparando com o meu, pode ser que haja algum vestígio de autismo. Às vezes, quando rodava objetos, também imaginava coisas, inclusive quando tinha a idade que citou. Mas, a classificação de uma criança como autista ou não abrange outros critérios. Na Síndrome de Asperger, por exemplo, se considera se a criança é isolada e possui certos interesses específicos, por exemplo. Contudo, como já disse, um especialista te aconselharia de uma forma mais detalhada.

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