quinta-feira, 19 de abril de 2012

Análise do poema “Cantiga da Ribeirinha”

Idade Média

Idade Média. Tempo de muito trabalho no campo, de reis, damas e palácios, tempo do domínio da Igreja… Tempo de tantas coisas! Mas, principalmente, foi o tempo em que a literatura em língua portuguesa nasceu.

Ela começa com o que é chamado “Trovadorismo”. Tempo de cantigas de amor, cantigas de amigo, de maldizer, entre outras. Tempo, também, de muito amor platônico. Esse amor é representado nas diversas cantigas que os trovadores faziam para as nobres donzelas do reino.

A “Cantiga da Ribeirinha” é um texto desse gênero. Ela foi escrita em 1189 por Paio Soares de Taveirós. O português daquela época era o chamado “galego-português”, que mais parecia uma espécie de “portunhol”. Mesmo assim, os versos desse poema retratam, exatamente, o amor platônico.

Aqui, temos os versos:

No mundo nom m’ei parella
mentre me por como me vay,
ca ja moiro por vos e ay!
Mia señor, branca e vermella,
queredes que vus retraya
quando vus eu vi en saya.
Mao dia me levantey,
que vus enton nom vi fea!
E, mia señor, des aquella
i me foy a mi muy mal, ai!
E vus, filla de don Pay
Moniz, e ben vos semella
d’aver eu por vos guarvaya,
pois eu, mia señor, d’alfaya
nunca de vos ouve nen ey
valia d’ũa correa.
Não existe no mundo alguém como eu
enquanto eu viver,
eu cá sofro de amor por vós,
minha senhora, branca e vermelha,
quereis que vos retrate (nos versos)
quando eu a entrevi sem manto, em trajes íntimos.
Mau dia em que me levantei
e que não a achei feia
e, minha senhora, desde aquele dia
eu passei a sofrer, ai!
E vós, filha de Don
Moniz e sabeis que
eu não sou nobre.
Pois eu, minha senhora,
nunca recebi nem receberei da senhora
nenhuma prova de amor.

( In Linguagem em Movimento - v. 1. TORRALVO, Izete Fragata; MINCHILLO, Carlos Cortez. São Paulo: FTD, 2010, p. 59)

Pelo o que se percebe, realmente, o amor medieval era bem platônico. Esse poema, exclusivamente, retrata da paixão por uma nobre. O eu lírico tem que se conformar com o fato de não ser nobre, portanto, tem que se conformar de que nunca a terá. Por isso, quando diz “Mao dia me levantey, que vus enton nom vi fea”, amaldiçoa o dia em que se apaixonou por D. Ribeirinha (sim, ela realmente existiu).

Amores eram muito manifestados nesses poemas. Os trovadores se sentiam “servos” de suas paixões, e, por isso, as exaltavam. Neste poema, a palavra “señor” representa isso. Representa uma relação de “vassalagem” com a dama, assim como os senhores feudais faziam com os reis.

Esta é apenas mais uma das diversas cantigas que o Trovadorismo nos apresenta. E, para mim, no ramo de “cantigas de amor”, é a que mais mostra o significado dessa escola literária.

Um comentário:

  1. Obrigado pela ajuda de seu texto. Realmente me ajudou, eu ,antes, não o compreendia pela sua linguagem complicada e também porque tenho 13 anos, então não tenho muito conhecimento do Trovadorismo e tal. Pedro Rocha

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