terça-feira, 12 de julho de 2011

As alegrias da minha infância

Todo mundo que está vivo hoje, um dia já teve infância. Mas, o que importa, é como viveram essa mesma infância.

A vivência da infância depende de condição social e época. Ou seja, esses dois fatores interferem muito na infância de alguém. Percebo isso comparando as infâncias minha e de minha avó. Enquanto minha avó somente trabalhava, na década de 40, em Cantanhede, uma pequena aldeia de Portugal, eu brincava.

Brincava muito. Mas, nem sempre brincava com brinquedos específicos e prontos, fabricados. Muitas vezes, eu era a fábrica de brinquedos e brincadeiras. Para mim, era no tempo em que minha criatividade era um pouquinho maior.

Para falar a verdade, conseguia montar uma câmera de TV somente com aquelas embalagens de amaciante de roupa. E o microfone era somente um tubo de cola bastão, ou então um amassador de limão que meu padrinho tem, que mais parece um microfone. Para montar um estúdio de gravação, pegava o meu teclado que ganhei da minha tia-avó de São Caetano, o meu microfone (o tubo de cola bastão), e os rolos marrons de papel-toalha e papel-alumínio. Juntava-os e formava aqueles suportes de microfone que vemos por aí. E então, fazia dublagens e cantava.

Ou então, pegava aquelas peças dos antigos jogos de ludo real, muitas peças. Depois, pegava uma bolinha do meu antigo jogo de bingo, e montava um jogo de futebol na espaçosa varanda da minha avó. Tinha até torcida, pois, colocava algumas peças entre os balaústres.

Na escola, quando estava na primeira e segunda série, lembro que gostava de “apitar” os jogos de futebol dos meninos. A bola era simplesmente uma garrafinha de refrigerante, e eu emitia um som parecido com o de um apito. O pessoal gostava disso. Na minha opinião, deve ser por isso que os meninos ainda me chama para ser juiz de futebol nos seus jogos.

Outra coisa que me marcou muito na infância foi minha paixão por verem coisas girarem. Amava ver coisas girarem, e, inclusive, eu mesmo girava coisas. Para falar a verdade, uma vez, minha mãe falou que eu até conseguia girar quadrados! Foi por causa dessas minhas “giradas”, que a minha mãe desconfiou que eu era autista. Esse fato se confirmou quando eu tinha oito anos, depois de muito tempo de estudo em mim. A psicóloga falou que eu tinha “Síndrome de Asperger”, uma forma leve de autismo.

E agora, com quatorze anos, relembro esses fatos e rio. Rio e falo: “como o tempo passou rápido”. Agora, tenho que aguentar a adolescência, com o nascimento de espinhas, de pelos, e tudo o que muitos já sabem.

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