domingo, 26 de junho de 2011

Análise do poema “No meio do Caminho”

Esse poema, de Carlos Drummond de Andrade, foi julgado como sendo um poema diferente e estranho. Era o início do modernismo poético, vamos ver:

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.


Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Na minha opinião, é normal achar esse poema estranho, diferente. O pessoal da minha sala deve ter achado isso, mas eu gostei do poema.

Ele foi escrito no ano de 1928, época onde predominavam aqueles poemas lindos e românticos, com o foco mais voltado para o amor. Muitos devem ter achado estranho esse poema, mas, Carlos Drummond de Andrade queria dizer algo nele, mesmo com suas palavras tão repetitivas.

Em nossas vidas, sempre passamos por dificuldades. E essas dificuldades estão ilustradas no poema no formato de “pedra”, uma pedra que atrapalha o caminho. Muitas vezes, mesmo que sejam antigas, ainda lembramos de nossas “noites sem estrelas”. A prova disso é a minha avó, que sempre lembra as dificuldades que passou quando pequena. E isso é o que o poema sintetiza.

Também a pedra pode significar algo marcante. Em nossas vidas, sempre tem alguma coisa que marcou. E, mesmo que essa coisa seja antiga, ainda é lembrada

Carlos Drummond de Andrade foi um marco na literatura brasileira por isso. Ele quis ser diferente, ele quis sair do padrão romântico da época. Ele quis mostrar ao mundo que o poema não é só de amor, mas, de qualquer coisa da vida, como uma dificuldade, neste caso. Sua obra sempre será lembrada, mesmo passados mais de 20 anos de seu falecimento.

Para concluir, digo o seguinte. Dentro do significado de “algo marcante” do poema, o mesmo foi uma “pedra no meio do caminho” para a literatura brasileira.

4 comentários:

  1. noossa! eu nunca encontrei sentido algum nesse poema, mas agora descobri que eu nunca tinha era entendo! realmente faz sentido! e isso deve mesmo ter sido uma pedra no caminho dos autores daquela época. especialmente, os contra-modernistas que se viam presos aos modelos antigos de literatura importada

    ResponderExcluir
  2. Respeito as diversas interpretações que foram feitas a partir da análise deste poema, porém devo ressaltar que Drummond era um autor modernista. Os autores modernistas criticavam o parnasianismo pelo excesso de perfeccionismo em sua escrita. Buscavam uma literatura mais engajada, na qual buscava mostrar ao mundo através da literatura o outro lado da moeda, ou seja, aquilo que os românticos e autores de outras escolas literárias tentavam esconder, ou seja, o lado miserável do ser humano. Dessa forma,os modernistas queriam mostrar ao mundo o lado "feio" da sociedade. Enquanto os românticos mostravam o mundo pela ótica da classe abastada, rica, os modernistas se propuseram a trazer para suas histórias os personagens que mostravam as classes mais marginalizadas da sociedade: o homem do campo, o trabalhador proletário, a mulher pobre, os negros, etc. Dessa forma, mostrar ao mundo não só a linguagem polida da elite como também o falar popular, o coloquialismo. Dessa forma, valorizavam o falar regional, o jeitinho de falar do pobre, do nordestino, etc. Quando Drummond fala sobre a pedra, na verdade não é uma pedra, mas sim a pedra significa a gramática normativa e suas convenções. Para ele, o excesso de polidez, de regras gramaticais era um obstáculo ao poeta na hora de sua criação, obstáculo este que deveria ser movido para que o poeta conseguisse expressar o que realmente sentia. A pedra no poema de Drummond é uma metáfora das regras gramaticais, do excesso de polidez dos parnasianos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Quem dera eu saber dessas coisas quando escrevi tal análise! Estava na 8ª série do Ensino Fundamental (o que hoje é conhecido como "9º ano"), e esse texto escrevi no dia em que estudei na escola o tão famoso poema do Drummond. Me encantei por ser um poema "diferente", mesmo que não soubesse em detalhes o porquê.
      Analisando meus textos antigos, me surpeendo em como evoluí no estudo da Literatura!

      Excluir