sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A sábia “máquina produtora”

Após uma vida de dedicação à produtividade, é justo que o ser humano mereça um descanso. É a chamada “terceira idade”, tempo onde, na maioria das vezes, há a manifestação da limitação e da fragilidade humanas. Por outro lado, há idosos com o privilégio de possuir uma vida mais saudável, que não devem ser banidos do descanso, embora necessitem compreender os mais sujeitos às limitações da velhice.

É exatamente a compreensão que parece faltar ao ministro japonês Taro Aso. Argumentando que os idosos devem “apressar-se a morrer” para desafogar o gasto do Estado com estes, não é levado em consideração o fato de terem contribuído com a sociedade através de seu trabalho, no período em que eram ativos.

Nesse caso, também há a nivelação da dignidade humana apenas considerando o seu estado de disponibilidade para o auxílio na movimentação da economia. Em uma sociedade que supervaloriza a produtividade, tal disponibilidade chega a privar o homem de momentos que contribuem para a melhora na qualidade de vida, como a prática de exercícios físicos que o referido ministro costuma realizar.

O homem vale muito mais do que aquilo que produz, e tratá-lo apenas como uma “máquina produtora” é esquecer que, além de possuir fragilidade e necessitar do descanso, ele é capaz de, na terceira idade, transmitir a sabedoria que adquiriu na vida, possibilitando a continuidade da raça humana.

Escrito com base no tema da redação da Fuvest 2014. Disponível em: http://www.fuvest.br/vest2014/provas/fuv2014.2fase.dia1.pdf, pág. 12

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